Planejamento da vida familiar: seguro contra as penalidades da lei anti-palmada.
Nossa vida é uma bagunça quase organizada.
A informalidade tomou conta da vida das pessoas. Quando dizemos que nas casas não há regras queremos dizer que a vida em família está mal gerenciada para os dias atuais.
Em muitas delas, cada um faz o que lhe dá na telha; e as regras são aplicadas ou não; apenas quando interessa.
As pessoas se juntam ou “ficam” como dizem os mais jovens de papel passado ou não; e vão tentar viver em comum para ver no que vira. Nem tanto assim; mas, é quase isso.
Falta planejamento, a começar pela própria constituição da família.
Os jovens ainda as formam, baseados em impulsos momentâneos.
Poucos sabem quem são e o que querem para si com discernimento e clareza. A vida em comum está muito romanceada, até novelesca. Isso, explica em parte os motivos de tantas separações precoces. Conversar sobre amenidades sob o fogo das paixões é uma coisa; conviver com uma pessoa desconhecida todos os dias é outra bem diferente.
Os objetivos de vida do casal nem são bem definidos; e muitas vezes nem muito compartilhados. Além disso, o papel de cada um na vida em família não está definido com clareza nem lógica.
Quando nasce um filho programado ou não; a relação entre o casal já estremece. Os pais não se preparam para receber a criança. O despreparo é emocional, afetivo e principalmente gerencial. Além disso, nesta vida midiática, são bombardeados com informações de como melhor educar o filho tanto pela família quanto pela rua (nova mídia); e acabam se atrapalhando com coisas bem simples e até naturais. De repente gerar um filho poderia coroar a relação afetiva e de realização humana do casal, e ao invés disso, torna-se um problema e, até um motivo para que simples regras de funcionamento da casa sejam esquecidos. Se é que já as havia – e atualmente, num arroubo mal controlado de cólera: encrenca com a justiça.
Muitos são os motivos que levam as famílias a viverem uma vida complicada e até com muito mais momentos sofridos do que alegres; simplesmente pela falta de planejamento e de regras de convivência que, sejam lógicas, claras e efetivamente cumpridas ao pé da letra
Filho de mala: malinha.
Na constituição da nova família cada um dos parceiros recebeu um tipo de formação cultural diferente; as regras em casa eram diferentes, até na maneira como eram aplicadas e respeitadas.
Com certeza tanto um quanto outro trazem problemas até sérios de educação, e, eles são tantos, que é impossível abordar todos neste tópico. Vamos analisar os que precisamos tentar resolver com mais urgência (quando digo precisamos é porque os problemas na educação de uma pessoa ou de uma família interessa a todas as outras; esse assunto não comporta mais qualquer tipo de alheamento sob pena de todos os esforços em prol da paz tornarem-se vãos).
Confusão entre educação e instrução/informação
Quando se trata de instituir regras de convivência familiar cotidiana o que não importa muito é a formação técnica das pessoas e o seu grau de instrução. É preciso desfazer a confusão que foi criada entre educação e instrução/informação. São coisas complementares, mas independentes.
Educação é a construção do indivíduo. Instrução é a sua capacitação para a vida profissional e social. A primeira engloba a intimidade da pessoa é a sua marca de qualidade pessoal e comporta a instrução e a socialização. A segunda não comporta a primeira, ao contrário, pessoas muito instruídas, porém mal educadas representam enorme perigo para a paz pessoal e social (é deprimente ouvir comentários até de pessoas com responsabilidade social importante ao apresentarem algum tipo de espanto ao analisar atitudes anti-pessoas/sociedade de indivíduos com formação técnica/profissional, como se um médico, engenheiro, advogado, ou juiz, tivesse obrigação de ser uma pessoa de boa qualidade em razão apenas de seu grau de instrução).
Um bom número de pessoas bem instruídas pensa que encontrou um bom caminho para educar seus filhos terceirizando a educação pagando as melhores escolas, onde a criança possa receber regras e limites. Grave erro, pois a responsabilidade maior sobre a educação da criança cabe à família, em seguida: professores, escola, governo, mídia, meio social (instituições, empresas, organizações), justiça, etc. E a educação do indivíduo como um todo cabe principalmente a ele mesmo: auto educação.
Pobreza de conteúdo
A pouca qualidade pessoal da maior parte das pessoas espelha muito bem a falta de conteúdo da educação.
O melhor termo para representar a educação que predomina é: treinamento. As crianças não são realmente educadas elas são treinadas e muitas vezes bem mal treinadas para viver uma vida apenas exterior de convivência social; aprendendo regras que ninguém respeita como seria de se esperar. É que são tantas as regras a serem cumpridas para padronizar as pessoas que no fundo todo mundo passa a sentir enorme prazer ao quebrar quantas seja possível...
Teoria e prática
O treinamento da criança envolve excesso de teoria sem permissão para praticar. A maioria dos adultos são muito controladores – daí, o risco que as crianças que não se deixam controlar. Pessoas ainda incompetentes para a vida humana metidas a deuses a ditar os limites e o que os outros podem ou não fazer. Querem ditar até mesmo os padrões de felicidade e de tristeza, de vencedores e de perdedores.
Um dos graves problemas que esse tipo de controle traz para a vida da criança é o desconhecimento dos próprios limites como pessoa.
Recursos pedagógicos paranóicos
Todas as atitudes que se enquadram em padrões condenáveis pela estrutura social que os adultos pregam para as crianças, a família usa e abusa como recurso pedagógico tais como: mentira, chantagem, tentativa de controle, terrorismo, violência de todos os tipos, suborno, hipocrisia, etc. O que mais assusta a quem se interessa pelo futuro pessoal e coletivo, é que essa paranóia; é tida e vista como uma coisa normal: sempre foi e sempre será assim, é a desculpa que as pessoas mais gostam de dar. Banalizaram alguns padrões de comportamento que são verdadeiras aberrações.
Como atenuar?
É preciso que na instituição da família seja acertado de comum acordo um conjunto de regras claras, lógicas e que sejam cumpridas à risca para que quando vierem os filhos o processo esteja automatizado. Pois, é necessário educá-los para a vida e não apenas capacitá-los a exercer uma profissão, a conviver com as pessoas ou mesmo a comportar-se de forma bem hipócrita.
Atenção para o detalhe: os adultos deve tentar reciclar seus conceitos de vida em família de forma contínua; pois o educando não é apenas a criança; é o ser humano sempre. O adulto deve aprender a compartilhar com a criança o seu próprio processo de reciclagem da educação que recebeu aprimorando o conjunto de normas que regem a vida da família.
Em se tratando de limites: quem não os tem claros, não será capaz de ensinar limites a ninguém.
Quem não pratica limites, não os respeita é incapaz de sinalizar limites aos outros.
Tornar as coisas da vida simples, práticas e inteligentes é uma condição básica para a sobrevivência das pessoas como seres humanos daqui para a frente. (boa parte dos candidatos a humanos nos próximos anos viverá como gado: manipulado, conduzido, incapaz de tomar decisões...,)
Cuidado: tapinha de amor dói – e dói muito na consciência – levando ao suborno afetivo para compensar.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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