PROBLEMA DO CORPO OU DA CABEÇA?
Vivemos num mundo onde o foco da atenção costuma estar voltado para as coisas físicas. Por exemplo, os pais apenas se preocupam com as doenças físicas das crianças (a doença ainda é vista como um problema) – a maioria morre de medo de febre, pneumonia...; raros se preocupam em estudar o comportamento dos filhos (até na vida uterina já é possível diagnosticar impulsos e tendências de comportamento). Vacina-se de forma excessiva contra doenças até banais; mas, preocupação quase zero quanto a vacinar as doenças da alma – exceto aquelas crianças que dão “trabalho” (o conceito de dar trabalho; eu o acho o máximo: o troféu “noinha” da educação): não deixam os pais dormirem; as choronas são entupidas de comida (para nós nessa situação tudo é fome ou dor). Quando já maiores; nós só despertamos para os pequenos descuidos quando nossos pimpolhos começam a ser rotulados de crianças/problema: agressivos, mentirosos, atrapalham a vida dos outros na escola – os antigamente populares diabinhos; hoje também rotulados de hiperativos.
Enfim, estamos sempre apenas focados em 3D.
Pode haver algum tipo de relação entre um problema físico e um problema psicológico? - Sim e não, depende da interpretação que se dá à situação. Mas, eles estão sempre misturados.
Exemplo 1.
Pais mal educados com relação á dieta; acham a criança muito magra para seus padrões de saúde e beleza e os das tabelas de PA da pediatria; daí a “entopem” a de comida, vitaminas e até de estimulantes de apetite – engordam a criaturinha - e depois, mais tarde quando a criança pré-adolescente começa a visualizar o próprio corpo e, é submetida aos padrões da sociedade neurótica, começa mais um drama de vida: a dificuldade quase que até o fim da existência para emagrecer. Um problema psicológico dos pais vai criar outro físico para a criança (obesidade, diabetes, disfunção de colesterol) e vai se embaralhar com outro psicológico da criança: a perda da auto-estima; e todas as conseqüências mais tarde (doenças da tireóide, etc.).
Exemplo 2:
Duas pessoas não têm um dos braços (problema físico) que pode gerar um problema psicológico; isso depende de que forma a pessoa racionaliza o fato. A maneira de interpretar faz a diferença e determina atitudes e condutas diferentes. No exemplo citado, para um deles o fato de não ter um dos braços é um problema insolúvel; que gera uma sensação de não aceitar e de sofrer; no entanto o outro pode encarar a situação como uma oportunidade capaz de ajudá-lo a desenvolver a força da vontade de superar-se.
Exemplo 3:
O casal passou a apresentar um distúrbio no relacionamento sexual. O primeiro passo é buscar ajuda para diagnosticar um problema físico: doenças como diabetes; uso de medicamentos para regular a pressão; diuréticos; distúrbios hormonais etc. – Nada encontrado, depois de longa espera; conclui-se que o problema de disfunção erétil; dispauremia; anorexia sexual, era puramente psicológico – daí; buscam-se tratamentos psicológicos muito demorados; uso de droga, ajuda de pai de santo, mandingas, garrafadas, etc. – mas, nesse ínterim, a vaca já foi pro brejo, o cabrito já pulou a cerca e depois junte-se uma mixórdia íntima de cada um com rescaldo até para a próxima...
Reagir de uma forma ou de outra não é nem melhor nem pior, pois uma situação psicológica deve ser entendida como uma situação num dado momento; já a situação de vida é mais constante e persistente que a situação do momento psicológico que pode ser modificado com mais facilidade. Cada pessoa num determinado momento age e reage da forma que é a melhor possível para ela naquela circunstância. A situação de vida faz parte e influencia o comportamento, mesmo que isso não seja percebido.
É possível, medir, quantificar problemas?
O que seriam problemas/maiores e problemas/menores?
Os primeiros seriam aqueles para os quais a maioria não consegue identificar soluções, já os segundos seriam os que para alguns a solução já é possível e até fácil de ser encontrada.
O que seria um problema/paradoxo?
É problema para uma pessoa que pode ser interpretado como solução para outra ou simplesmente uma lição a ser aprendida. É o caso do problema/auxílio que funciona muito bem na doença, que é sempre um mal menor evitando um mal maior. Ou o problema/distração que também pode ser exemplificado pela doença: num determinado momento da sua vida algumas pessoas estão sendo tão “daninhas” aos seus interesses evolutivos e aos das outras pessoas que a cercam, que a natureza lhes “arruma” uma doença para que se distraiam. Observe quantas pessoas conhece cuja vida não serve para mais nada, do que correr atrás de médicos de exames, etc.
No caso de alguns relacionamentos, o problema sexual passa a ser um álibi (adeus necessidade de inventar dor de cabeça; cansaço e outras desculpas esfarrapadas) para a completa perda de tesão; por uma das partes e até das duas; mas, sem coragem para resolver a situação cria-se uma mixórdia psicológica e kármica sem tempo prá acabar...
Quem se aventurar a separar problemas essencialmente físicos dos psicológicos que o faça: eu não me aventuro.
sábado, 2 de janeiro de 2010
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