Recebi de uma amiga querida que se preocupa muito com o tema suicídio; a preocupação de uma educadora com relação ao número exagerado de casos de crianças e jovens falando abertamente em tirar a própria vida. Também tenho notado o mesmo.
Evidente que tema tão extenso merece muitos debates.
Mas, alguns pontos podem ser abordados de momento:
Em teoria a quase totalidade das crianças e jovens deveriam estar de bem com a vida; não é bem o que se vê e ouve no presente momento.
Nestes dias contemporâneos, vivemos provas mais difíceis do que antes, e várias ao mesmo tempo, surgem dúvidas quanto á nossa capacidade de resistência e de criatividade para superar as armadilhas com que nos defrontamos; especialmente com relação ao estresse crônico - daí a epidemia de cansaço crônico, desalento com pensamentos de tirar a própria vida.
Na Era da competição exacerbada:
Brotam aos montes sentimentos de incapacidade, de derrota, de malquerer, de perdas, de fraqueza, de desamor. Muitos de nós estamos nos olhando de soslaio quando deveríamos nos olhar nos olhos. Muitos estão sendo atacados por sentimentos menores como a inveja, intolerância, preconceitos crescem em nossos corações, enfraquecendo nossas mentes. Os pais deve estar atentos para queixas do tipo: desejo de ficar só; aperto no peito; ansiedade exagerada; insônia; náuseas, tonturas; sensações de dúvida, perseguição, de perda, de ingratidão, de desamor.
Cuidado:
Com o estilo de vida.
No mundo atual, as crianças são submetidas a um sistema de educação que privilegia a competição. Desde muito cedo começamos a correr contra tudo e contra o próprio tempo, desagregando e aprendendo a sermos tristes ou amargurados.
A vida infantil normal ou sem neura, é o protótipo do que deve ser a vida do ser humano: alegre, feliz, uma saudável, criativa e responsável brincadeira.
O sistema de educação atual tira isso da criança enchendo-a de expectativas e compromissos que, a princípio, não escolheu nem pediu.
Sob o domínio da alegria e do prazer de viver a passagem dos eventos, é ordenada de forma diferente e as pessoas nem percebem o tempo passar – daí, raros vão pensar em acabar com a vida como fuga.
Excesso de informação.
Somos induzidos a acreditar que a informação é tudo. Apenas se torna um vencedor quem detém a informação. A cada dia surge um novo tipo tecnologia capaz de informar com mais velocidade.
Excesso de informação deturpa a percepção do tempo, é como excesso de alimento: intoxica e até mata.
Sob a pressão de um volume excessivo dela nossa mente perde a capacidade de ordenar de forma adequada os eventos deformando o eixo do tempo.
Pressões sócio - culturais.
O medo de ficar de fora do que está acontecendo no mundo; de ficar para trás; de não usufruir da tecnologia; dos novos prazeres; do novo conforto; é alimentado ao extremo pela mídia e todos os veículos de informação. Toda a formação profissional baseia-se nesse tipo de conquista. Isso, faz com que as pessoas não tenham tempo para mais nada; exceto para amealhar recursos para consumir. Algumas crianças e jovens sentem-se alijadas do sistema muito cedo e quase desistem de viver.
Com a pressa.
A ansiedade é um mecanismo mental/emocional. A pressa é a sua materialização na forma de atitudes de viver e trabalho.
A pressa nos leva a tentarmos fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Sob seu comando tudo que fazemos é mal feito. Deturpamos e roubamos o próprio tempo, pois nessa condição não criamos nada novo e realizador; apenas refazemos sem cessar; num infindável recomeço. Poucos param para analisar o excesso de conteúdos inúteis na grade escolar da atualidade.
Sem tempo para pensar.
Nossa maturidade psicológica, nos seus vários componentes, deixa a desejar; daí, que exemplos damos ás crianças e jovens?
O volume de informações congestiona a capacidade que já detemos de escolher as experiências que desejamos viver, daí passamos a ser comandados pela mídia e o marketing que nos ajudam a criar necessidades, tão inúteis quanto desnecessárias. Muitos pais até sem que percebam transmitem ás crianças seu desalento com relação ao presente e mais ainda com relação ao futuro.
Sob a pesada influência do pensamento mágico misturamos causas com efeitos. Pouco pensamos nas conseqüências das escolhas. Cremos e somos induzidos a tal: a acreditar em soluções simplórias para resolver os problemas que criamos tanto para nós quanto para os outros.
Assentamo-nos na mentira e na desculpa perante a própria consciência: todo mundo faz; então devo fazer também.
Objetos dos desejos cada vez mais voláteis.
O estilo de vida atual é uma máquina infernal de criar expectativas e desejos nem sempre necessários. Da antiga e saudável esperança das pessoas, a cultura retirou a necessidade do planejamento e do trabalho em cima da realidade e das possibilidades de cada um. Criou-se: a expectativa recheada de ansiedade e medo dela não se realizar.
Criança e jovens sem esperança sinalizam que o estilo de vida dos atuais adultos não é saudável.
Quando vivemos uma vida sem esperanças verdadeiras e que não desejamos nem gostaríamos de ter, a insatisfação deturpa o sentido da vida. O acúmulo de frustrações torna as pessoas irritadiças, amargas, frustradas, cruéis consigo mesmas e com as outras.
Compromissos.
A ânsia de nos tornarmos vencedores invejados e elogiados o mais rápido possível, faz com assumamos tantos compromissos desnecessários e até inúteis. Pouco se pára a pensar que as crianças não solicitaram isso.
Preocupações.
A quase ausência de preocupações caracterizava a infância.
Preocupação é a sensação de ansiedade mais medo misturada a uma certeza de que nossas expectativas e desejos não são merecedores da realização.
Ansiedade.
A ansiedade doentia do mundo contemporâneo é fruto da nossa pouca competência em gerenciar a vida.
Quando permitimos que outras pessoas nos vendam desejos, necessidades, problemas e soluções que são deles, somos merecedores de viver ansiosos, angustiados, depressivos, em pânico.
A ansiedade doentia ou pressa de quem não sabe quem é, e o que quer para si, é um dos fatores da percepção deturpada do tempo.
Mas, o que nos leva a permitirmos que as crianças e os jovens sofram o assédio da mídia dessa forma?
Medo.
Vivemos na Era do medo doentio; sem algo concreto que o justifique.
Evidente que nada se corrige com teorias apenas; mas, os pais precisam conversar mais com seus filhos; procurar conhecê-los; os adultos precisam dispensar mais tempo ás coisas construtivas.
O estresse das crianças pode ser aliviado.
Atividades físicas são de vital importância.
Assuntos graves como os batidões das músicas da atualidade que embotam o raciocínio das crianças e jovens proporcionando uma lavagem cerebral é assunto polêmico e necessário.
Discutir assuntos como a vida após a morte é urgente.
Paz e luz.
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Parabéns e muitas felicidades com esse blog. Excelente texto. Abraços
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